Paulo VI, Papa (1897-1978)
Giovanni Battista Montini nasceu em Concesio, Brescia, de família piedosa da burguesia lombarda. Cursou seus estudos nos jesuítas, para passar aos 20 anos para o seminário, e ser ordenado sacerdote em 1920. Completou seus estudos superiores de Filosofia e Direito, ingressando depois na diplomacia vaticana. Passou os três primeiros anos de sua carreira como agregado à Nunciatura de Varsóvia, ficando definitivamente, e por mais de 30 anos, vinculado à Secretaria de Estado do Vaticano. A partir dos anos 30, transformou-se num dos mais próximos colaboradores do cardeal Pacelli, eleito papa em 1939 com o nome de *Pio XII. De 1954 a 1963 presidiu como arcebispo a diocese de Milão, sendo eleito nesse mesmo ano papa com o nome de Paulo VI.
Paulo VI, tímido, de inteligência brilhante, grande trabalhador, místico, contrastava com seu predecessor, *João XXIII, e dava a impressão de fragilidade. Parecia dominado pela dúvida e pela vacilação; no entanto, os anos e a distância devolvem-nos a imagem de um grande homem de Igreja, um intelectual que levou a bom porto o Concílio *Vaticano II e a obra de reforma dele nascida.
Dos três grandes capítulos de seu pontificado:
o Vaticano II, as viagens apostólicas e os interesses sociais, ecumênicos e pastorais, o primeiro é, de longe, sua principal preocupação. Depois de sua eleição, declarou que tentou prosseguir a tarefa empreendida por seu predecessor. De 19621965 convocou e presidiu as quatro últimas sessões do Concílio *Vaticano II. Paulo VI dirigiuas, dando aos intrincados problemas do momento uma compreensão acadêmica e um tratamento fruto de seus longos anos de experiência diplomática. Foi suficientemente aberto para manter o Magistério da Igreja em matéria de fé e de moral, fiel à tradição, e fiel também aos sinais dos tempos.
Essa abertura natural e calculada — olhando ao mesmo tempo para a frente e para trás —, o pontífice a usou na aplicação da reforma postulada pelo Concílio. Seus críticos atribuíam-na a sua timidez, indecisão e incerteza. Houve quem acreditasse ver nele a sombra de Hamlet. Entretanto, muitas de suas decisões dos anos posteriores ao Concílio são fruto de uma coragem e de uma decisão autênticas. Progressivamente começaram a funcionar as instituições previstas pelos textos conciliares. Organizaram-se as conferências episcopais em todos os países. Criaram-se as diferentes comissões de liturgia, de ecumenismo, de apostolado social, de leigos etc. Empreendeu importantes reformas da Cúria Romana e das indulgências (1967), do calendário litúrgico e do Missal Romano (1969), do breviário (1970), das ordens menores (1972), do consistório (1970). Ao mesmo tempo criou novos organismos para agilizar o aparelho eclesial burocrático e a criação pastoral do sínodo episcopal desde 1965.
Sua fidelidade à tradição — e a falta de inovação — ficou impressa em suas encíclicas, cartas apostólicas e discursos que, em ocasiões, suscitaram desaprovação e crítica dos elementos mais progressistas da Igreja. Por exemplo, a encíclica sobre o celibato sacerdotal (1967) e a Humanae Vitae (1968). Nesta última linha de plasmar e dirigir a reforma do Concílio estão suas encíclicas Ecclesiam Suam (1964), Populorum Progressio (1967), em que afirma que o progresso deve ser integral e afeta todos os aspectos: econômico, cultural e espiritual; a Octogesima Adveniens (1971) sobre questões sociais, e outras sobre a vida religiosa (1971) e sobre a evangelização (1976).
Com Paulo VI, a Igreja parece ter encontrado uma dimensão mundial, tomando parte ativa entre os que procuram a solução dos problemas deste mundo. Com as viagens, os encontros e os gestos, o papa ganhou a simpatia dos cristãos e dos não-cristãos. O papa esteve em Nova York, sede das Nações Unidas, em 1965; em Portugal e em Istambul, onde encontrou-se com o patriarca Atenágoras, em 1967; na América Latina em 1968; em Genebra e Uganda em 1969; no Extremo Oriente em 1970. Sem esquecer sua primeira viagem à Terra Santa (1964) e seu encontro com o arcebispo de Cantuária em 1970. Os temas tratados por Paulo VI nessas viagens eram basicamente os mesmos: a paz mundial, a justiça social, a fome e a ignorância no mundo, a fraternidade universal em Deus e a cooperação internacional.
BIBLIOGRAFIA: G. Alberigo-J. P. Jossua, Recepción del Vaticano II. Cristiandad, Madrid 1987; C. Floristán-J. J. Tamayo, El Vaticano II, veinte años después. Cristiandad, Madrid 1985; R. Laurentin, Balances. Taurus, Madrid 1964;
J. L. González-T. Pérez, Pablo VI, 1964.
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