História da Igreja

Atas dos mártires (séc. II-V)

 

As Atas dos mártires são relatos dos sofrimen­tos dos mártires cristãos. Formam um subgênero dentro da história dos cinco primeiros séculos do cristianismo. Nascem do próprio fato das perse­guições e costumavam ser lidas às comunidades cristãs nos atos litúrgicos que comemoravam o aniversário do martírio.

Como fontes históricas podemos dividi-las em três grupos:

1. O primeiro grupo compreende os proces­sos verbais oficiais do tribunal. Contêm as per­guntas dirigidas aos mártires pelas autoridades, suas repostas tal como a anotavam os escrivães públicos ou os amanuenses do tribunal, e as sen­tenças proferidas. Depositavam-se esses docu­mentos nos arquivos públicos, dos quais, algu­mas vezes, os cristãos conseguiam obter cópias.

O nome de Atas dos mártires (acta ou gesta martyrum) deve ser reservado exclusivamente para esse grupo. São fontes históricas imediatas e dignas de crédito que se limitam a consignar os atos.

A esse tipo pertencem as Atas de São Justino e companheiros (segunda metade do século II); as Atas dos mártires escilitanos na África, que contêm as atas oficiais do julgamento de seis cris­tãos de Numídia, que foram sentenciados pelo procônsul Saturnino e decapitados no dia 17 de julho do ano 180. Também as Atas proconsulares de São Cipriano, bispo de Cartago, executado dia 14 de setembro do ano 258.

1.       O segundo grupo compreende os relatos de testemunhas oculares ou contemporâneas. Cos­tuma-se denominá-los paixões ou martyria. A esse grupo pertencem o Martyrium Policarpi (156); a Carta das Igrejas de Viena e Lião às Igrejas da Ásia e da Frígia; a Paixão de Perpétua e Felici­dade; as Atas dos santos Carpo, Papilo e Agatônica; as Atas de Apolônio que, na opinião de *Harnak, é “a mais nobre apologia do cristia­nismo que nos chegou da Antigüidade”.

2.       O terceiro grupo abrange as lendas de már­tires compostas com fins de edificação e muito depois do martírio. São uma mescla fantástica de verdade e imaginação. Ou simples novelas sem nenhum fundamento histórico. A esse grupo per­tencem as atas dos mártires romanos Santa Inês, Santa Cecília, Santa Felicidade e seus sete filhos, Santo Hipólito, São Lourenço, São Sisto, São Sebastião, Santos João e Paulo, Cosme e Damião etc. O fato de tais atas não serem autênticas não prova, de forma alguma, que esses mártires não tenham existido. Indica apenas que não se podem usar esses documentos como fontes históricas.

 

— Atenção especial merecem as coleções de atas dos mártires da antigüidade cristã. O primei­ro que reuniu uma coleção de atas de mártires foi Eusébio em sua obra Sobre os mártires antigos. Essa obra se perdeu. Em História Eclesiástica, Eusébio dá-nos uma síntese da maioria dessas atas. Além disso, compôs um tratado sobre os mártires da Palestina, vítimas das perseguições entre os anos 303-311. Um autor anônimo reco­lheu as atas dos mártires persas mortos sob Sapor II (339-379). Escritas em siríaco, seus processos e interrogatórios lembram as relações das autên­ticas atas dos primeiros mártires. Em troca, as atas siríacas dos mártires de Edessa são pura lenda.

BIBLIOGRAFIA: J. Quasten, Patrología, I, 171-180; Actas de los mártires. Edição bilíngüe. Versão de Daniel Ruiz Bueno, 1987. 

 

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