História da Igreja

Cirilo de Jerusalém, São (315-387)

A história deste homem, bispo de Jerusalém desde 348, ficou em segundo plano diante das célebres séries de instruções catequéticas que pro­nunciou próximo ao ano 350, na igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém. Sua vida foi posta à pro­va, primeiro da suspeita de ter obtido sua nomea­ção por concessões feitas ao arianismo, e depois pelo triplo exílio a que o submeteram: o Concílio de Jerusalém de 357, que o depôs; o imperador Acácio, em 360; e, finalmente, o imperador Va­lente, que o privou mais uma vez de sua sede no ano 367, não podendo voltar a ela a não ser onze anos mais tarde (378). Em 381, tomou parte do II Concílio Ecumênico de Constantinopla. Morreu, provavelmente, no dia 18 de março de 387.

Dos poucos escritos que ficaram: Carta ao imperador Constâncio, Homilias e as famosas Catequeses, essas últimas são um dos tesouros mais apreciados da antigüidade cristã. São 24 conferências catequéticas tomadas taquigra­ficamente, conforme é dito nas notas de vários manuscritos. As Catequeses dividem-se em dois grupos. O primeiro compreende a protocatequese ou discurso introdutório, mais 18 catequeses dirigidas aos candidatos que deviam receber o Batismo na próxima Páscoa. Pronunciou-os na quaresma do ano 350, como dissemos. O segun­do grupo é formado pelas cinco últimas instru­ções chamadas catequeses mistagógicas e dirigidas aos neófitos na semana de Páscoa.

A primeira catequese pré-batismal trata da fortaleza de espírito que faz falta para receber o Batismo. A segunda, da penitência e do perdão dos pecados, do demônio e suas tentações. A ter­ceira, do Batismo e da salvação, do rito batismal: de seu significado e efeitos. A quarta resume a doutrina cristã. A quinta sobre a fé: natureza e origem. Nas 6-18 há uma exposição dos artigos do Símbolo dos Apóstolos. Nas 19-23, que são as catequeses mistagógicas, trata do Batismo (19­20), da Confirmação (21), da Eucaristia (22) e da liturgia da Missa (23).

As catequeses desmentem que São Cirilo ti­vesse participado da heresia ariana. Em sua catequese 11 ensina claramente a divindade de Cristo e rejeita o argumento ariano de que “hou­ve um tempo em que ele não existia” e que é Fi­lho de Deus “por adoção”. Da mesma maneira, afirma que o Espírito Santo participa da divinda­de do Pai. Resume assim sua fé trinitária: “Nossa fé é indivisível, nossa reverência é inseparável. Nem separamos a Trindade Santa nem a confun­dimos, como faz Sabélio”.

“O interesse teológico das catequeses de Cirilo

— conclui J. Quasten — baseia-se principalmen­te na fonte valiosíssima de informação sobre a história da liturgia e dos sacramentos. Temos aqui, pela primeira vez, uma descrição detalhada dos ritos batismais e eucarísticos e o essencial de uma teologia da liturgia” (Patrología, II, 389).

BIBLIOGRAFIA: Obras: PG 33, 331-1180; A. Ortega, Las Catequesis de San Cirilo de Jerusalén (Col. Excelsa). Madrid 1946; J. Solano, Textos eucarísticos primitivos, I e II (BAC). Madrid 1952. 

 

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