História da Igreja

Legenda áurea (1264)

“Entre os autores da Idade Média mais desta­cados pela fama e prestígio proporcionados pe­los seus escritos, nenhum alcançou tanta glória e tanto renome como Tiago de Vorágine, que com sua compilação da vida dos santos colheu, du­rante mais de três séculos, elogios bem superio­res a quaisquer das pessoas que escreveram so­bre essa matéria”. Assim escrevia em 1845 o Dr. Graesse como prólogo à primeira edição crítica da obra.

A Legenda áurea ou Lenda dourada é um dos

livros clássicos da piedade cristã. Foi escrita por volta de 1264, pelo dominicano genovês Tiago de Vorágine. Com o surgimento da imprensa, multiplicaram-se as edições da Lenda dourada e em cada uma delas apareciam, além dos 182 ca­pítulos iniciais do frei Tiago de Vorágine, um nú­mero maior ou menor de outros autores desco­nhecidos. A edição crítica do Dr. Graesse inclui 243 capítulos: os 182 originais e 61 mais, escri­tos posteriormente por autores anônimos.

A obra escrita em latim intitula-se Legenda aurea. A palavra legenda (lenda) não tem um sig­nificado pejorativo de lenda fantástica ou fabulo­sa, embora apresente muitas lendas de santos do calendário cristão. Significa, principalmente, es­crito para ser lido. O título faz parte de um gêne­ro literário muito em voga na Idade Média e pos­teriormente. Seria algo assim como o que mais tarde se denominou Leituras exemplares ou mo­delo. O adjetivo dourada traduz o latim aurea e é evidentemente ponderativo. Essas coleções ou Lendas douradas foram a primeira tentativa do que se chamou Ano cristão ou Vida dos Santos. O livro mais conhecido deste gênero seria o Ano cristão do padre Croiset (séc. XVIII), seguido por outros ao longo dos séc. XIX-XX. Foram o livro de cabeceira dos cristãos piedosos.

A obra segue os tempos do ano litúrgico. “De acordo, pois, com a ordem estabelecida pela Igre­ja, trataremos das festas que caem no tempo da renovação, ou seja, das compreendidas entre Ad­vento e Natal. Em seguida, das que se celebram entre Natal e Septuagésima. Depois, das que ocor­rem entre Septuagésima e Páscoa. E, finalmente, das correspondentes à etapa da peregrinação, isto é, das compreendidas entre Pentecostes e Adven­to”. As festas dos santos ficaram marcadas nos ciclos litúrgicos no dia correspondente a sua ce­lebração segundo o calendário cristão.

Convém advertir o leitor culto e crítico de nosso tempo que evite preconceitos “com rela­ção à ingenuidade e à excessiva credulidade de nosso autor”. Como adverte o Dr. Graesse, “que o nosso autor colete numerosas historietas mais ou menos fantásticas não significa que ele as te­nha por verdadeiras ou que pretenda que as acei­temos como tais... Por outra parte, resultam mui­to úteis para interpretar corretamente inúmeras passagens obscuras das obras dos poetas e escri­tores medievais”.

BIBLIOGRAFIA: Santiago de Vorágine, La leyenda dorada. Tradução de Frei José Manuel Macias, O. P. Madrid 31987, 2 vols. 

 

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