Teilhard de Chardin, Pierre (1881-1955)
Cientista e pensador francês. Ingressou na Companhia de Jesus em 1898 e dedicou-se exclusivamente ao estudo e à pesquisa científica (Geologia). De 1922-1925 ensinou geologia no Instituto Católico de Paris. Em 1926 foi à China para tomar parte nas pesquisas que conduziram ao descobrimento do sinantropo. Participou posteriormente de diferentes expedições científicas à África. Da ciência passou ao campo da filosofia e da teologia, oferecendo em sua obra os resultados de pesquisas científicas e de intuições do entendimento e do coração. Tudo para superar “concepções do mundo medievais e escolásticas” e oferecer uma concepção mais de acordo com a mentalidade contemporânea.
T. de Chardin deixou uma extensa obra, rápida e amplamente difundida e que foi objeto de apaixonantes controvérsias. Os mais conhecidos dentre seus livros são: O meio divino (1926-1927); O fenômeno humano (1938-1940); O grupo zoológico humano (1949). Deve-se acrescentar a essas três obras fundamentais, outros estudos que aparecem nas Obras completas preparadas por C. Cuénot, por exemplo O aparecimento do homem (1956); A energia humana (1962); A ativação da energia (1963); Ciência e Cristo (1965) etc. E as numerosas cartas, nas quais presta contas de suas pesquisas científicas.
Pode-se resumir a doutrina fundamental de Teilhard de Chardin nestes pontos: 1) Sua intuição, convencido como estava da evolução, estendeu o funcionamento a todos os setores do ser, desde a matéria originária da vida, ao homem, à história, à religião e ao cristianismo “evolucionismo integral”. 2) Mediante um processo de concentração de uma matéria originária, o “material do universo, de uma simplicidade indefinível e de natureza luminosa”, que continha de uma maneira latente, mas muito real, enormes energias físicas e espirituais — a “consciência” —, for-maram-se faz muitos milhões de anos, primeiramente os astros, logo nosso sistema solar e, dentro dele, a Terra. 3) O processo de evolução seguido pelo universo vai sempre em direção a níveis mais altos de complexidade. Esses níveis são qualificados de hilosfera, biosfera e noosfera, segundo a ordem evolutiva e de aparição da matéria, da vida e da consciência. Mas dentro da última — a consciência — segue o processo de evolução para formas as mais complexas desta. A aparição do homem pressupõe um passo importante, mas não último ou definitivo, nesta evolução, já que o homem faz parte e dirige essa mesma evolução. 4) Avançando sempre para formas de maior socialização, o homem se faz consciente de que cada vez é mais pessoa e marcha para a constituição de uma humanidade superior ou super-humanidade: “A Terra ficará coberta por uma só membrana organizada... e se produzirá a planetização humana”. Produzir-se-á uma unidade “biológica” e “crística”, formada por pessoas movidas pelo altruísmo mais generoso e pela graça sobrenatural própria do cristianismo. 5) Tudo, pois, segundo Teilhard de Chardin, concorre para a realização de um “ponto ômega” para o qual o homem é impulsionado pelo amor e pela graça. Nesse “ponto ômega”, o homem reconhecerá a “Deus criador”, a quem se dirige com atos inter-nos e externos de religião. Esse ponto ômega, que a humanidade deve realizar, consiste na incorporação da mesma ao Cristo da história e da Revelação pelos séculos dos séculos. Assim entra o homem na “cristosfera”, com o que se cumprirá a missão que tem Cristo “de agregar a si o psiquismo total da terra” (O fenômeno humano).
Não há dúvida de que é grandiosa e fascinante a visão multiforme do cosmos, da história e do cristianismo que Teilhard de Chardin expôs de forma apaixonada; por isso o entusiasmo de uns e a reserva de outros. O conjunto de sua obra é uma mescla de ciência, poesia e fé religiosa que comumente impressiona quem não é capaz de, ou não deseja, respeitar os ideais de precisão do pensamento e de clareza da linguagem. A visão teilhardiana do mundo parece, no melhor dos casos, elevada e esperançosamente poética e, no pior, um enorme engano que pretende introduzir, sob pretexto de ciência, uma maneira de ver as coisas que, na realidade, não tem nada de científica” (F. Copleston, Historia de la filosofía, 9, 313).
“No entanto, continua Copleston, como expressão da mentalidade de um homem que era, ao mesmo tempo, um científico e um cristão convicto e que tratava não só de conciliar mas, principalmente, de integrar o que ele mesmo considerava uma visão científica do mundo com uma fé cristocêntrica, a versão teilhardiana da realidade tem inquestionável importância e é de uma grandeza que tende a fazer que, em comparação, resultem pedantes ou irrelevantes as objeções. Pode-se afirmar que foi um visionário ou um adivinho que apresentou em amplos e às vezes imprecisos e ambíguos desenhos um programa profético, um programa que outros estão convidados a estudar em detalhe, a esclarecê-lo, a dar-lhe maior rigor e precisão e a defendê-lo com sólidos argumentos” (Copleston, o.c.).
BIBLIOGRAFIA: Oeuvres, 9 vols., 1955-1965; O fenômeno humano; O aparecimento do homem; A visão do passado; O meio divino; C. Tresmontant, Introducción al pensamiento de Teilhard de Chardin, 1958; Henri de Lubac, La pensée religieuse de T. de Ch., 1962.
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