História da Igreja

Crisóstomo, São João (347-407)

Nasceu em Antioquia e morreu em Cumana (Helesponto), enquanto ia para o exílio. Padre e doutor da Igreja, pregador e arcebispo de Constantinopla. Seu zelo e sua eloqüência na pre­gação valeram-lhe o título de “Crisóstomo”: “boca de ouro”. Seu pontificado foi particularmente ator­mentado, devido em parte às intrigas combina­das entre a imperatriz Eudóxia, mãe do impera­dor Teodósio II, e de Teófilo, patriarca de Alexandria.

Como todos os grandes padres, destacou-se, em primeiro lugar, por sua formação clássica. Sabemos que estudou retórica sob a direção de Libânio, e teologia com o mestre Diodoro de Tarso. A escola antioquena lhe dará o realismo e

o bom senso que caracterizam sua obra. Cedo sente o chamado à solidão e ao deserto. Sua fraca saúde o faz voltar a Antioquia, onde se ordenou diácono e sacerdote. Durante doze anos, a partir de 386, exerceu sua função de pregador, pronunciando parte de suas melhores homilias sobre o 1º e 4º Evangelhos, e sobre as Cartas de São Paulo. Sua oratória acerta a sintonia com os problemas do povo. Exemplo disso podem ser suas famosas homilias sobre as Imagens, com as quais consegue deter a vingança do imperador pela profanação de sua estátua e da estátua de sua família, por parte do populacho. Em 398 foi cha­mado, contra sua própria vontade, a ocupar a sede de Constantinopla, onde conseguiu o aplauso e o apoio popular. Não obstante, sofreu três dester­ros durante os nove anos de seu pontificado. Con­frontado com a imperatriz por sua vida de osten­tação, e com as invejas de Teófilo, patriarca de Alexandria, sucumbiu por fim a caminho do ter­ceiro e definitivo desterro em Cumana (Helesponto). Seus restos mortais foram trazidos em solene procissão a Constantinopla, no dia 27 de janeiro de 1438.

“Nenhum escritor oriental — diz Quasten — conseguiu a admiração e o amor da posteridade no grau que ele conseguiu.” A própria tragédia de sua vida, ocasionada pela extraordinária sin­ceridade e integridade de seu caráter, serviu para realçar sua glória e sua fama. Continua sendo o mais encantador dos padres gregos e uma das personalidades mais simpáticas da Antigüidade. “Seu estilo é a expressão mais harmoniosa de uma alma ática”.

A obra escrita de São João Crisóstomo, a mais numerosa de toda a patrística, divide-se em três grandes blocos: a) Sermões-homilias; b) Trata­dos; c) Cartas e liturgia.

A parte mais volumosa é a primeira, onde apa­recem suas Homilias sobre o AT: sobre o Gênesis, os Salmos — as melhores sobre 58 salmos esco­lhidos — e sobre Isaías. Sobre o NT estão suas homilias ao Evangelho de Mateus, de João, aos Atos dos Apóstolos e às Cartas de São Paulo. Outro bloco é composto por suas Homilias dogmáticas e polêmicas, os discursos morais, ser­mões para as festas litúrgicas, os panegíricos, as homilias sobre as Imagens e outras duas em De­fesa de Eutrópio.

Entre os tratados encontramos o clássico De sacerdotio, e sobre a vida monástica, a virginda­de e a viuvez, sobre a educação dos filhos, sobre

o sofrimento etc. De suas cartas conservam-se, aproximadamente, 236. Sua Liturgia — conheci­da como liturgia de São João Crisóstomo — a crítica supõe que seja muito posterior ao santo.

Um julgamento de conjunto leva-nos a afir­mar com Quasten que “São João Crisóstomo não é um teólogo eminente. É, no entanto, um sober­bo orador”. Em seus sermões nunca apelou para

�.                o sentido alegórico. Falava claro e combinou a intuição do sentido da Escritura com seu gênio para sua aplicação pessoal. Cada um de seus ser­mões tem sua lição moral ou social (Quasten, Patrología, II, 496s.).

 

BIBLIOGRAFIA: Obras de San Juan Crisóstomo (BAC), 3 vols.; Obras: PG 47-64; J. Quasten, Patrología, I, 444-505, com a bibliografia ali publicada

 

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