História da Igreja

Pio XII (1876-1958)

Eugênio Pacelli, Papa Pio XII de 1939 a 1958, mostra em que medida o Magistério da Igreja adquire sua consciência e desenvolvimento ple­no nos últimos tempos. Pio XII é o gesto, a voz e a presença da Igreja na guerra e na paz, na cons­trução de um mundo novo, de uma nova ordem moral e espiritual, de um perfil e de uma disposi­ção cristã diferente. A palavra e a presença da Igreja fizeram-se ouvir através de suas alocuções irradiadas, diretas, através de encíclicas, discur­sos, intervenções. Observou-se, no entanto, o ca­ráter de preparação e antecipação que o pontifi­cado de Pio XII teve com relação à Igreja e ao mundo do *Vaticano II e de nossos dias. Da mes­ma forma, acusa-se o estilo pessoal do papa dian­te do imobilismo das estruturas; o centralismo de Roma diante da iniciativa das Igrejas particula­res, dos movimentos e dos indivíduos.

Contudo, não se pode passar por cima de algo que caracteriza e resume tanto a atividade de Pio XII como a de seu predecessor Pio XI: a solicitu­de pastoral por uma presença do Evangelho no mundo moderno, dentro e fora da Igreja. A ne­cessidade de sair ao encontro dos problemas do mundo moderno permite-nos ressaltar as princi­pais frentes de atuação do pontífice: 1) Atividade diplomática, baseada no princípio e no valor dos acordos, que trata de preservar os privilégios e a liberdade de ação da Igreja, mesmo em regimes irreconciliáveis com os princípios cristãos. Como exemplo, sua atividade diplomática com a Ale­manha nazista, com a Itália de Mussolini, com a Espanha de Franco e o Portugal de Salazar. Mui­to discutida foi sua ação e política com o regime nazista e com sua posterior perseguição aos ju­deus. Tudo isso provocou uma áspera controvér­sia. Faltou valentia a Pio XII para denunciar a perseguição e o holocausto judeu? Era favorável ao nazismo? Ignorava o que acontecia? Havia assinado o acordo com Hitler em 1933 e em 1937 participara da redação da encíclica Mit brennender Sorge. Sem nenhuma simpatia pelo nazismo, pre­feria as intervenções diplomáticas discretas mais que as declarações solenes.

Príncipe da paz. Em 1939-1940, depois de se esforçar por impedir a declaração da guerra, aconselhou Mussolini a manter-se fora do con­flito e às potências européias a negociarem pa­ra solucionar seus problemas. Durante toda a

guerra, em numerosos discursos e nas rádio­mensagens de Natal, falou incansavelmente sobre os excessos da guerra e os benefícios de uma negociação e de uma paz baseadas num jus-to equilíbrio. Definiu assim as condições de uma paz cristã (Summi Pontificatus, 1940); as rádio­mensagens de Natal de 1939-1948 aspiravam a uma nova ordem internacional, acima dos inte­resses das partes e do nacionalismo dos beli­gerantes.

— No terreno doutrinal, Pio XII abordou im­portantes problemas, tanto para a Igreja quanto para o mundo: a Igreja como Corpo Místico de Cristo (Mystici Corporis, 1943); alocuções e dis­cursos sobre o matrimônio, a família e a educa­ção dos filhos; sobre problemas de medicina e moral, assim como sobre problemas de direito internacional.

 

Nessa atividade doutrinal, destacam-se três capítulos: a) a encíclica Divino Afflante Spiritu (1943) dá um novo impulso e direção aos estudos bíblicos dentro do catolicismo, atrasados pela at­mosfera um tanto inquisitória que se arrastava desde Pio X com o modernismo; b) a encíclica Humani Generis (1950), que pela primeira vez denuncia os desvios da pesquisa teológica e exegética com especial atenção à “nova teologia”; c) Mediator Dei (1947) é uma encíclica sobre a liturgia que prenuncia as reformas do Vaticano

II. Talvez o que mais devamos ressaltar em Pio XII seja o novo impulso e a canalização das aspi­rações da Igreja e de um mundo que queria ser melhor. Evidentemente, nem sempre o conseguiu. Comunismo, ação católica e apostolado secular, novas formas de apostolado, pastoral dos padres operários, o não-avanço no campo ecumênico, são

alguns dos temas que ficaram pendentes e que o Concílio Vaticano II teria de enfrentar.

BIBLIOGRAFIA: J. A. Hardon, El cristianismo en el siglo XX. Santander 1973; R. de Luis, El Vaticano, cátedra de paz, 1945; L. Pereña, En la frontera de la paz. Madrid 1961; D. Tardini, Pío XII, 1960. 

 

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