História da Igreja

Maritain, Jacques (1882-1973)

Filósofo neotomista francês, discípulo de Bergson e mais tarde seu crítico. Vinculado na primeira juventude ao socialismo revolucionário, converteu-se ao catolicismo em 1906, com sua mulher Raíssa, influenciado por *Léon Bloy. Maritain iniciou-se como filósofo tomista em 1913 em umas conferências sobre Bergson. No ano seguinte, foi convidado para ensinar História da Filosofia Moderna no Instituto Católico de Paris, para ser posteriormente chamado ao Insti­tuto de Estudos Medievais da Universidade de Toronto (Canadá) e na Universidade de Colúmbia (USA). A vida de Maritain é a de um professor universitário dedicado ao estudo e à pesquisa fi­losófica. Sua obra é ampla e cobre praticamente todo o âmbito da filosofia. É considerado, ao lado de Gilson, o principal renovador do pensamento de Santo Tomás em nosso tempo. Foi também embaixador da França no Vaticano.

Maritain tentou desenvolver a filosofia tomista

— sobretudo a social e política — aplicando seus princípios aos problemas modernos. Segundo nosso pensador, se o Aquinate vivesse na época de Galileu e Descartes, teria libertado a filosofia cristã da mecânica e da astronomia de Aristóteles, sem deixar de ser fiel aos princípios da metafísica aristotélica. E, se vivesse no mundo atual, livra­ria o pensamento cristão das “imagens e fantasi­as do sacrum imperium e dos antiquados esque­mas e procedimentos de seu tempo”.

A obra de Maritain alcançou sua máxima res­sonância no campo da filosofia político-social. Rechaçou o comunismo e o socialismo não ape­nas nas formas atéias, mas inclusive como deri­vado de uma concepção errônea e defeituosa do homem, do trabalho e da sociedade. Sua concep­ção político-social baseia-se num “humanismo integral”, tal como ficou formulada em sua obra Humanismo integral. “O mundo, segundo Maritain, marcha para a construção de um novo tipo de cidade temporal cristã, diferente do que se realizou na Idade Média, onde houve um regi­me político de ordem sacra. Na civilização futu­ra, entretanto, a esfera do profano será ao mesmo tempo autônoma e subordinada ao sacro, e o Es­tado será leigo, porém construído cristãmente. Neste Estado os valores temporais terão dignida­de de fins. Não serão rebaixados à categoria de instrumentos, mas terão um fim subordinado a um fim último mais elevado.

Maritain dedicou parte de sua atividade ao estudo dos problemas pedagógicos. Concebe a filosofia como uma disciplina pedagógica que pressupõe uma concepção filosófico-religiosa do homem. A meta da educação é a formação da pes­soa. Sua luta é contra as concepções pragmatistas, instrumentalistas e empiristas da educação. Assi­nala alguns erros que infeccionam a colocação do processo educativo, entre os quais contam o desconhecimento dos fins a serem atingidos e a presunção de que tudo se pode ensinar. Não se ensina a intuição e o amor, que são dom e liber­dade” (A educação na encruzilhada).

Particularmente notável é a especulação esté­tica em Maritain, assim como sua contribuição para o esclarecimento das ciências: ciência e fi­losofia; ciência e metafísica; ciência e religião etc. (Ver a esse respeito: Arte e escolástica; A intui­ção criadora na arte e na poesia; Distinguir para unir ou Os três degraus do saber).

É considerado um filósofo tomista “liberal”. No entanto, em seu último livro, O camponês do Garona (1969), apresenta uma espécie de testa­mento não apenas filosófico, mas também teoló­gico, sociológico, político e pessoal, que muitos consideram como uma aproximação ao “integrismo”. Deve-se ver também como um ata­que contra tudo o que o autor considera um false­amento do cristianismo. No seu entender, esse falseamento é representado por Teilhard de Chardin e pelos seguidores de sua teologia cosmológica, assim como pelo uso da fenomenologia e da psicanálise para propósitos religiosos.

BIBLIOGRAFIA: Boa parte das obras de Maritain fo­ram traduzidas para o português. Caminhos para Deus, Villa Rica; Introdução geral a Filosofia,Agir; Lógica Menor; Agir; Sete lições sobre o ser. 

 

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