História da Igreja

Enciclopédia, A (1750-1780)

Quando falamos de A Enciclopédia, utiliza­mos esse termo especialmente para referir-nos à Enciclopédia Francesa do séc. XVIII. A Enciclo­pédia ou L’encyclopédie é o termo que, na histó­ria da filosofia e do pensamento, designa a “enci­clopédia por antonomásia”. Antes e depois do evento, houve muitas tentativas e êxitos de enci­clopédias, dicionários, textos científicos, summas etc., transmissores de um saber total ou geral das ciências e das artes. A palavra original grega enkuklios paideia indica, de fato, um sistema com­pleto de educação que abrange todas as discipli­nas e seus fundamentos. E passou depois a signi­ficar a exposição dos conhecimentos em forma sintética e mais completa possível. Nenhuma, porém, conseguiu em seu tempo, e posteriormen­te, os resultados desejados quanto A Enciclopé­dia. Tanto é assim, que criou um estilo ou corren­te de pensamento chamado “enciclopedismo”, significativo das tendências iluministas e liberais que se manifestam ou se deixam transluzir nos artigos de A Enciclopédia.

O título completo é: Enciclopédia ou Dicio­nário Raciocinado das Ciências, das Artes e dos Ofícios, por uma sociedade de homens de letras. Organizado e publicado por M. Diderot...; e a parte matemática por M. d’Alembert. Entre 1751 e 1765 apareceram os 17 primeiros volumes do texto. Sucederam-lhe 11 volumes de pranchas ou lâminas entre 1762-1772. Esses 28 volumes fo­ram complementados com mais 5 volumes de suplementos (1776-1777), mais 2 volumes de ín­dices (1780). Ao todo, 35 volumes em fólio. Fo­ram numerosos os autores que escreveram para A Enciclopédia, embora alguns deles anônimos. Além de Diderot e D’Alembert, colaboraram *Voltaire, Rousseau, Holback, F. Quesnay, A. R.

J. Turgot, L. J. M. Daubenton, J. F. Marmontel e

o abade A. Morellet. Diderot conseguiu reunir em torno de a A Enciclopédia os homens mais desta­cados do Iluminismo francês. Ele mesmo escre­veu inumeráveis artigos, principalmente de filo­sofia e de teoria social. Em 1782 fez uma nova edição corrigida e aumentada, mas por ordem sis­temática de matérias e não por ordem alfabética, como tinha sido a primeira. Foi dada continuida­de a essa edição, depois da morte de Diderot du­rante a Revolução francesa, e se concluiu em 1832.

A publicação de A Enciclopédia coincide com

o auge do Iluminismo francês, e também europeu (*Deísmo). Foi um dos grandes acontecimentos intelectuais e sociais da época. E, principalmen­te, um dos instrumentos mais eficazes na difusão das idéias que anos depois se cristalizariam na Revolução Francesa: tolerância religiosa, otimis­mo com relação ao futuro da humanidade, confi­ança no poder da razão livre, oposição à autori­dade excessiva da Igreja, interesse pelos proble­mas sociais etc. Com tudo isso, formou-se um estado de espírito, cuja influência, como expres­são do pensamento progressista, serviu de prólo­go à Revolução Francesa, e praticamente a todo o século XIX. Direta e indiretamente, a publicação de A En­ciclopédia tem uma influência decisiva no pen­samento e na literatura cristã dos últimos 200 anos. Desde sua publicação, suscitou a reserva e a opo­sição tanto do estamento eclesiástico quanto do governo. É sabido que foi submetida à censura dos jesuítas e que o Conselho de Estado francês suprimiu vários volumes (1752), chegando em 1759 a proibir sua publicação durante vários anos. A Enciclopédia e os enciclopedistas, por outro lado, conseguiram criar duas fortes correntes de pensamento na Igreja: os conservadores ou ultramontanos e os liberais ou progressistas. Em torno destas duas correntes, transcorreu a passa­gem do cristianismo à modernidade.

BIBLIOGRAFIA: Joseph Le Gras, Diderot et l’Encyclopédie, 1928; Arthur M. Wilson, The Testing Years (1713-1759); The Appeal to Posterity (1759-1784), 1972. 

 

 

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