História da Igreja

Escolas teológicas, Primeiras (séc. II-V)

Aos padres apostólicos e apologistas dos séc. I-II, seguiu-lhes um novo tipo de escritor com uma disposição e orientação completamente originais. Até a data, nenhum escritor cristão tentara consi­derar o conjunto da doutrina cristã como um todo. Também, a reflexão cristã perdeu o caráter de arma contra o inimigo e se transformou em ins­trumento de trabalho pacífico dentro da própria Igreja. Pretendia-se dar aos catecúmenos, cada vez mais numerosos, uma instrução à altura de seu meio ambiente e formar mestres para esse fim. Assim foi como se criaram as escolas teológicas, berço da ciência sagrada. Estas nasceram sob o amparo dos grandes centros do helenismo e das cidades onde já se sentia a presença cristã. Tais foram as escolas teológicas de Alexandria, Antioquia, Cesaréia, Jerusalém etc.

Assinalamos a seguir as principais:

1) Escola de Alexandria. A mais famosa de todas e a que melhor conhecemos é a de Alexandria, no Egito. Essa cidade, fundada por Alexandre em 331 a. C., era centro de uma bri­lhante vida intelectual muito antes do cristianis­mo. Foi onde nasceu o helenismo: a fusão das culturas oriental, egípcia e grega deu origem a uma nova civilização. Nesta cidade, compôs-se a obra que constitui o início da literatura judaico­helenística: A tradução dos Setenta (Septuaginta). E nessa cidade viveu o melhor representante des­sa cultura: Fílon.

Sob o nome de “padres alexandrinos” ou “es­cola teológica alexandrina”, formou-se um gru­po de teólogos cristãos que se destacaram em Alexandria entre os séculos II-V d.C. Os nomes mais destacados desta escola são: Panteno, seu fundador (200 d.C.), *Clemente (150-215 d.C.), *Orígenes (186-255), e, mais tardiamente, outros como Santo *Atanásio, São *Cirilo etc.

A Escola de Alexandria é o centro mais anti-go de ciências sagradas na história do cristianis­mo. O ambiente em que se desenvolveu impri­miu-lhe os traços característicos: a) marcante in­teresse pela pesquisa metafísica do conteúdo da fé; b) preferência pela filosofia de Platão; c) in­terpretação alegórica das Sagradas Escrituras; d) concepção do ideal cristão como uma verdadeira gnose, iluminada pela fé cristã, que antecipa as coisas invisíveis; e) concepção do ideal místico como deificação com base bíblica e neoplatônica; f) aceitação na ascese da apatheia estóica e da providência, às quais se dá um sentido cristão.

A escola alexandrina influiu decisivamente no pensamento e na mística cristã dos primeiros séculos.

2) Escola de Antioquia. Antioquia foi a capi­tal da Síria, fundada perto do ano 500 a.C. Se­gundo Atos 11,19-26, nesta cidade começaram a chamar-se “cristãos” os “seguidores do caminho” ou “discípulos de Cristo”. Na segunda metade do séc. I de nossa era, Antioquia foi o ponto de apoio da atividade missionária da primitiva Igreja (At 13,1-3).

Antioquia também foi famosa por sua escola teológica, denominada “escola antioquena”. De­sabrochou entre os séculos III-V. Seus mestres mais importantes foram Inácio, Policarpo, *Luciano de Samosata, *Ario, São *João Crisóstomo, e muitos outros.

A escola antioquena apareceu como rival e diferente da alexandrina. Centrava cuidadosamen­te a atenção no próprio texto e encaminhava seus discípulos para a interpretação literal e para o es­tudo histórico e gramatical da Escritura. Conse­qüentemente, essa escola: a) cultivou a catequese e a exegese bíblica, dando-lhe um sentido literal, não simbólico nem espiritual; b) a escola antioquena tratou de resolver os problemas colo­cados pela heresia sobre a pessoa e natureza de Cristo; c) contrariamente à escola alexandrina, a antioquena baseou-se numa filosofia realista de caráter aristotélico, portanto, racionalista.

Essa escola foi o berço de uma grande tradi­ção exegética. Alcançou seu apogeu sob a dire­ção de Diodoro de Tarso, nos finais do séc. IV, que foi mestre de São *João Crisóstomo. Dela saíram homens extremistas como Teodoro de Mopsuéstia e Ario. Sua tendência racionalista foi a causa de se converter em foco de heresias.

3) Escola de Cesaréia. Nesta cidade refugiou­se *Orígenes ao ser desterrado do Egito (232), e fundou a escola de Cesaréia, que herdou o legado de idéias e livros de Orígenes. Suas obras forma-ram o fundo de uma biblioteca que o presbítero Pânfilo transformou em centro de erudição e sa­ber. Como diretor, continuou a tradição do mes­tre. Nesta escola educaram-se Gregório, o Taumaturgo, e Eusébio de Cesaréia. Os padres capadócios, *Basílio Magno, *Gregório de Nissa e *Gregório Nazianzeno receberam a influência e inspiração da teologia de Cesaréia e de seu gran­de mestre Orígenes.

Houve também outras escolas como a de Je­rusalém, a de Odessa, Nísibe etc. 

 

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