História da Igreja

Renascimento (séc. XV-XVI)

Este não seria o lugar para definir os limites do espaço e do tempo desse período da história que conhecemos como Renascimento. Embora difícil, e com risco de cair em tópicos, damos al-guns traços da natureza específica desse movi­mento, que resiste até hoje a uma definição que seja comumente aceita. O Renascimento, como movimento europeu dos séculos XIV a XVI, vem caracterizado:

1) Por sua diferença com a Idade Média. Para alguns, o Renascimento pressupõe uma ruptura radical com a cultura medieval. Há quem veja nele uma exaltação da razão e das artes por trás da intolerância e do obscurantismo da Idade Média. Os primeiros em advertir a oposição com a idade precedente foram os humanistas e os historia­dores da arte contemporânea dos grandes artis­tas. Essa diferença é interpretada por outros a partir da teoria da continuidade. O Renascimento descobriu no período medieval seus predecesso­res, isto é, seus aspectos cristãos e seus fermen­tos racionalistas. Finalmente, outros se mantêm num meio termo, qualificando-o como a diversi­dade dentro da continuidade. “Tanto literária quanto moralmente, o Renascimento consistiu mais em desenvolver plenamente certas tendên­cias profundas do período medieval, com o risco às vezes de hipertrofiá-las do que de opor-se a elas” (Gilson).

2) Afirmação exasperada da autonomia do temporal. “O Renascimento segue uma tendên­cia favorável a uma autonomia relativa do tem­poral e termina por exagerá-la. Na Idade Média há um impulso para a fuga do mundo, para a re­núncia aos valores terrenos, manifestada nos li­vros como De contemplu mundi e a Imitação de Cristo, por exemplo. Há também a tendência a subordinar direta e indiretamente à religião todas as atividades humanas, como se estas não tives­sem outro fim imediato do que o de favorecer a difusão e o desenvolvimento do cristianismo. História, arte, filosofia, política etc. aparecem normalmente concebidas e apoiadas somente em função da Igreja, da religião.

O Renascimento reage contra as duas pri­meiras tendências: a fuga do mundo e a subordi­nação direta de tudo à religião; afirma-se numa terceira posição, reconhecendo a necessidade de uma autonomia real das atividades humanas com sua racionalidade específica intrínseca, mas ter­mina por extremar tal autonomia e tende a transformá-la em independência e separação”

(G. Martina). Resumindo: tanto o Renascimento quanto seu aspecto literário, o Humanismo, não podem ser considerados como intrinsecamente pagãos, na­turalistas, imanentistas, mas abrem uma nova pro­blemática, típica da Idade Moderna: o velho equi­líbrio que em alguns casos construíra o período medieval, e ao qual muitas vezes se aproximara fatigadamente, rompe-se agora sem que surja ain­da um novo equilíbrio. Não se limita o sobrena­tural, mas sim passa-o a segundo plano. Não se nega a autoridade da Igreja, mas a aceitação do

espírito crítico empurra à desconfiança com rela­ção a ela. A polêmica anticlerical contra a cúria,

o clero secular e regular, diminui o prestígio da Igreja. Neste sentido e dentro destes limites, o espírito do Renascimento, nas antípodas, por ou­tros tantos capítulos, como o da Reforma, prepa­ra-lhe o terreno, pelo menos na Itália, e facilita­lhe o caminho.

Do ponto de vista literário, que é o que mais nos interessa aqui, supõe uma grande riqueza de pensamento, de autores e de instituições. Reme­temos aos conceitos: *Humanistas; *Educadores

cristãos; *Ratio studiorum; *Reforma; *Contra-Reforma, e aos correspondentes autores da época.

BIBLIOGRAFIA: J. Burckhardt, La cultura del Renacimiento en Italia. Barcelona 1964; J. Huizinga, El otoño de la Edad Media. Tradução de J. Gaos, Madrid 1962;

P. O. Kristeller, Renaissance Thought. Nova York 1961-1965, 2 vols.; Humanismo y Renacimiento. Tradução e seleção de Pedro R. Santidrián, Madrid 1986; Enciclopedia del Renacimiento. Alianza, Madrid 1985. 

 

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