História da Igreja

Eriúgena, Johannes Scotus (810-877)

 

Nasceu na Irlanda. Homem e pensador singu­lar, preocupado em integrar a filosofia grega e neoplatônica com a fé cristã. “Na pobreza cultu­ral e investigadora de seu tempo, esse homem, dotado de um espírito extremamente livre, de ex­cepcional capacidade especulativa e de vasta eru­dição greco-latina, apareceu como um milagre” (Abbagnano, Historia de la filosofía, I, 312).

Desde 845 o vemos na corte de Carlos, o Cal­vo, da França, como professor de gramática e dialética. Depois foi nomeado pelo próprio rei diretor da Schola palatina de Paris. Parti­cipou das disputas teológicas sobre a Eucaristia e a predestinação, escrevendo sua primeira obra contra o monge Godescalco, De divina praedestinatione, livro condenado, mais tarde, pela Igreja. A partir da morte de Carlos, o Calvo, em 877, nada há de seguro sobre sua vida. Para uns, morreu na França naquele mesmo ano. Para outros, teria sido chamado pelo rei inglês Alfredo, o Grande, à escola de Oxford, para ser depois as­sassinado pelos monges sendo abade de Malmesbury.

Podemos distinguir dois períodos na ativida­de filosófico-teológica de Eriúgena. No primeiro inspirou-se principalmente nos padres latinos *Gregório Magno, *Isidoro e, principalmente, *Agostinho. Pertence a esse período De divina praedestinatione. O segundo período é marcado pela influência dos teólogos e filósofos gregos. No ano 858, traduziu os escritos do *Pseudo-Dionísio; em 864 traduziu também Ambigua de *Máximo, o Confessor, algumas obras de São *Gregório de Nissa e de Santo Epifânio. Com isso, pôs em circulação, no Ocidente, o pensamento do Pseudo-Dionísio, de tanta influência posterior na teologia e na espiritualidade.

Esses estudos capacitaram Johannes Eriúgena para redigir sua obra principal e pela qual ficou conhecido, De divisione naturae, escrita entre 862-866. Constitui uma tentativa de reconciliar a doutrina neoplatônica da emanação com o prin­cípio cristão da criação. Dividida em 5 livros e escrita em forma de diálogo entre mestre e dis­cípulo, concebe a natureza: a) como aquilo que cria e não é criado; b) o que cria e é criado; c) o que não cria e é criado; d) o que não cria e não é criado.

�.                A e c são Deus como princípio e fim; b e c são o modo dualista de existência das coisas cria­das, as inteligíveis e as sensíveis. Todas as criatu­ras voltam a Deus a partir da libertação do peca­do e da morte física, e entram na vida futura.

�.                 Concebe o homem como microcosmos que sente, que raciocina e examina as causas das coi­sas e da natureza inteligível, e que tem uma inte­ligência capaz de contemplar a Deus. A redenção introduz o homem na união com Deus e o liberta de sua animalidade.

 

O livro foi condenado pela Igreja por suas implicações panteístas. No entanto, é o primeiro grande livro especulativo da Idade Média. Nele já aparece o caráter de investigação escolástica que o autor maneja com grande maestria. Sua cultura e sua capacidade especulativa, além do domínio do grego, colocam-no acima de seus con­temporâneos.

BIBLIOGRAFIA: Obras: PL 122; DTC V, I, 410-434

 

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