História da Igreja

Doutrina Social da Igreja (DSI)

1.      A doutrina social da Igreja tem um signifi­cado de caráter teológico e eclesial. Não é uma simples formulação de conteúdos morais. É uma reflexão teológica: conjugação de evidências da fé e evidências dos saberes humanos. Reflexão formulada dentro do marco da moral: os conteú­dos pertencem ao universo dos valores e, mais concretamente, ao âmbito da moral social. “Os princípios fundamentais pelo que tem atuado o influxo do Evangelho na vida social contempo­rânea, encontram-se no conjunto sistemático da doutrina que tem sido proposta gradual e oportu­namente desde a encíclica Rerum novarum até a carta apostólica Octogésima Adveniens”. Com a constituição Gaudium et Spes do Concílio Vaticano II, a Igreja entendeu melhor do que an­tes qual é o seu lugar no mundo atual, no qual o cristão, pregando a justiça, trabalha por sua pró­pria salvação. A Pacem in Terris deu-nos a ver­dadeira carta dos direitos do homem. Na Mater et Magistra começa a ocupar o primeiro lugar a justiça internacional, a qual se expressa na Populorum Progressio mais minuciosamente em forma de um verdadeiro e próprio tratado sobre o direito ao desenvolvimento, e na Octogesima Adveniens passa a ser uma síntese das orienta­ções relativas à ação política.

2.       Servindo-se da tradição teológico-moral, a doutrina social da Igreja constitui um modelo te­ológico-moral específico. Ao lado do gênero moral De iustitia et iure e De septimo praecepto deve-se situar também o que corresponde à DSI. Essa doutrina é um verdadeiro “oásis” ou zona verde no deserto da teologia moral casuísta e neo­escolástica.

 

Não se pode poupar elogios ao que tem sido e ao que será o acontecimento teológico eclesial da DSI: a) Através dela, os católicos têm vivido seu compromisso radical de serviço à humanidade. b) Na DSI adverte-se a tentativa séria de uma re­flexão teológica interdisciplinar. c) A teologia sente-se questionada pela realidade e assume em sua reflexão a racionabilidade que ocasionam os saberes humanos: ciência e técnica. d) Os con­teúdos da DSI não são abstratos nem atemporais, mas incidem na problematização da realidade his­tórica e concreta. e) Finalmente, supôs-se para a tradição teológica moral uma grande contribui­ção com estudos que integram a rica herança do pensamento teológico moral cristão. Além disso, a influência da DSI manifestou-se no apoio à cons­trução de estruturas sociais democráticas.

3. Nas últimas décadas aconteceu uma pro­funda crise na DSI. No significado da DSI po­dem estar outras crises de grande dimensão como: a) O impacto da secularização sobre a compre­ensão e a vivência do cristianismo. b) A crise da especificidade cristã, que encontra na mesma DSI um lugar de verificação. c) A crise do modelo de Igreja hierárquica, centralizadora etc. d) Final­mente, a crise teológica, que questionou as mes­mas bases metodológicas da DSI.

Essas diferentes crises acumularam sérias ob­jeções tanto de caráter teológico, quanto ético e tático, até o ponto de se falar de “morte da dou­trina social da Igreja”. Mais que falar de morte e desaparecimento da função da DSI, acreditamos oportuno falar de uma reformulação que se con­cretiza nestas propostas:

1) O modelo teológico-moral da DSI não é o modelo único e perfeito para a formulação atual da ética social cristã.

2) Quanto aos conteúdos, a DSI pode e deve ter vigência global. A maior parte de tais conteú­dos gozam de validade, desde que sejam coloca­dos dentro de uma nova estrutura.

3) Pode e deve ser recuperado o significado profundo da Doutrina Social da Igreja, reco­locando-a dentro do novo horizonte teológico da libertação. Orientação que, por outra parte, vem tomando a doutrina social dos últimos papas.

BIBLIOGRAFIA: Encíclicas e Documentos Sociais (Da “Rerum Novarum” à “Octogesima Adveniens”, S. Paulo 1972; Ocho grandes mensajes (BAC). Madrid 1971; S. Giner, Historia del pensamiento social. Barcelona 21975. 

 

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