História da Igreja

Blondel, Maurice (1861-1949)

 

Filósofo francês que estudou na Escola Nor­mal Superior da França, tendo como mestre a L. Ollé-Laprune. Conhecido como formulador da “filosofia da ação”, na qual integra o pensamento neoplatônico clássico com o pragmatismo moder­no, dentro do contexto da filosofia cristã da reli­gião.

Blondel tem sido freqüentemente apresenta­do como apologista católico. De fato, assim foi, e ele próprio considerava-se dessa forma. No pro­jeto de tese sobre A Ação referia-se a esse traba­lho, chamando-o de apologética filosófica. Numa carta a Delbos disse que para ele a filosofia e a apologética eram basicamente uma mesma coi­sa. Já desde o início estava convencido da neces­sidade de uma filosofia cristã. Mas em sua opi­nião não houve ainda, restritamente falando, uma filosofia cristã. Blondel aspirava preencher esse vazio ou, pelo menos, indicar a forma de preenchê-lo” (F. Copleston, Historia de la filosofía, tomo 9).

Toda a sua obra, desde A Ação (1893) até A filosofia e o espírito cristão (1944-1946) e Exi­gências filosóficas do cristianismo (sua obra pós­tuma, publicada em 1950), parece dirigida para a construção de uma filosofia cristã autônoma. Seus numerosos ensaios e sua correspondência voltam ao mesmo tema. Blondel estava convencido de que a reflexão filosófica autônoma, levada de for­ma consistente e rigorosa, revelaria que realmen­te existe no homem uma exigência do sobrenatu­ral, daquilo que é inacessível apenas pelo esforço humano. Assim surgiu a “filosofia da ação”. E o que é a ação? A ação é o dinamismo do indiví­duo, a aspiração e o movimento da pessoa em busca de sua auto-realização. É a vida do indiví­duo ao integrar ou sintetizar potencialidades e tendências pré-conscientes, em seu expressar-se no pensamento e no conhecimento, e em sua in­clinação para metas ulteriores” (Ibid.).

Em sua elaboração da filosofia da ação, Blondel foi influenciado pela teoria de que a fé é uma questão de vontade tanto quanto de demons­tração lógica. O termo ação significa e compre­ende o dinamismo da vida em todas as suas ma­nifestações e tendências. Inclui todas as condi­ções que permitem a gestação, o nascimento e a expansão do ato livre. Blondel interessa-se pela orientação básica da pessoa enquanto esta tende a uma meta. Então, a vontade total do sujeito so­mente é compreensível nos termos de uma orien­tação a um absoluto transcendente, ao infinito como meta última da vontade. Isso não quer di­zer que o transcendente possa ser descoberto como um objeto interno ou externo. Melhor dizendo, trata-se de que o indivíduo vai-se tornando cons­ciente de sua orientação dinâmica para o trans­cendente e de que para ele é iniludível fazer uma opção: a de escolher entre afirmar ou negar a re­alidade de Deus. Isto é, a reflexão filosófica dá origem à idéia de Deus; mas precisamente por Deus ser transcendente, o homem pode afirmar ou negar a realidade de Deus.

“É difícil imaginar que Blondel não possa ser um escritor popular. Mais do que para o público geral, escreve para os filósofos. E é provável que muitos de seus leitores, mesmo filósofos, freqüentemente fiquem sem saber o que ele quer dizer. Mas como pensador católico que desenvol­veu suas idéias no diálogo com a corrente espiritualista, idealista e positivista da filosofia moderna, Blondel é uma notoriedade. Não advo­gou pela simplicidade de um retorno ao passado medieval, embora o comparasse com a ciência moderna. Nem adotou a atitude de discípulo com relação a algum pensador. Ainda que possamos discernir algumas linhas de seu pensamento vin­culadas a Santo *Agostinho e a São *Boaventura, e também afinidades com *Leibniz, *Kant, Maine de Biran e outros, foi um pensador completamente original. Além disso, sua concepção geral de uma filosofia que deve ser intrinsecamente autônoma, mas ao mesmo tempo autocrítica e autolimitante e aberta à revelação cristã, a princípio parece acei­tável para todos os pensadores católicos que re­correm à filosofia metafísica” (F. Copleston, Ibid.).

BIBLIOGRAFIA: Obras: L’Action. Paris 1936-1937, 2 vols.; La philosophie et l’esprit chrétien, 1944-1946, 2 vols.; Exigences philosophiques du christianisme, 1950; H. Bouillard, Blondel et le christianisme. Paris 1961. 

 

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