História da Igreja

Küng, Hans (1928-)

Teólogo católico suíço, professor de teologia católica e ecumênica na Universidade de Tubinga. Considerado como o teólogo mais polêmico e problemático de hoje, seus 69 anos apresentam, em retrospectiva, um panorama esplêndido de atividade acadêmica, científica e literária como muito poucos podem oferecer. Seu pensamento destina-se a esclarecer o genuinamente cristão e católico, desmascarando, sem medo, tudo o que de espúrio e corrupto se introduziu no cristianis­mo ao longo de sua história de séculos. O viver e

o acontecer da Igreja é seu campo de pesquisa e sua luta, que o levaram a enfrentamentos, acarea­ções e condenações da Igreja oficial.

Alguém disse que o seu trabalho científico e teológico reproduz na Igreja de Roma o que sé­culo e meio realizara *Newman na Igreja da In­glaterra: procurar razões e fundamentos para a sua fé católica. Desde a tese doutoral, Justificação. A doutrina de Karl Barth e uma reflexão católica (1957), passando pelo trabalho como conselhei­ro no Vaticano II, até a última obra Projeto de ética global (1990), toda a sua produção é uma pesquisa do cristão em todos os seus planos e di­mensões. Assim devemos ler os seus livros: Existe Deus?; Ser cristão; Infalível?. Todos eles susci­taram polêmica e o colocaram contra a parede. Negaram-lhe o título de teólogo e até o de cris­tão. Muitos se perguntaram: Küng é verdadeira­mente católico? Por que continua sendo católi­co? Ele mesmo se fez esta pergunta e lhe respon­de da seguinte forma: “A resposta, tanto para mim, quanto para muitos outros, é que não quero dei­xar que me arrebatem algo que faz parte de mi­nha vida. Nasci no seio da Igreja Católica: incor­porado pelo Batismo à imensa comunidade de todos os que acreditam em Jesus Cristo, vincula-do por nascimento a uma família católica que amo entranhadamente, a uma comunidade católica da Suíça à qual volto com prazer em qualquer opor­tunidade; em uma palavra, nasci num solar cató­lico que não gostaria de perder nem abandonar, e isto como teólogo...”.

“Desde muito jovem conheço Roma e o papado mais a fundo do que muitos teólogos ca­tólicos, e não guardo, apesar do que se tem dito contra, nenhum afeto anti-romano. Quantas ve­zes ainda terei de falar e de escrever que não es­tou contra o papado nem contra o papa atual, mas que sempre tenho defendido, ante os de dentro e frente aos de fora, um ministério de Pedro purifi­cado de traços absolutistas, de acordo com os dados bíblicos! Sempre me pronunciei a favor de um autêntico primado pastoral no sentido da res­ponsabilidade espiritual, direção interna e solici­tude ativa pelo bem da Igreja universal... Um primado não de domínio, mas de serviço abne­gado...

“Desde muito jovem vivi a universalidade da Igreja Católica e nela pude aprender e receber muitas coisas de inumeráveis homens e amigos de todo o mundo. Desde então resulta-me mais claro que a Igreja Católica não se identifique mais com a hierarquia nem com a burocracia roma­na...

“Por que, então, continuo sendo católico? Não apenas em razão de minhas raízes católicas, mas também em razão dessa tarefa que para mim é a grande oportunidade de minha vida e que somen­te posso realizar plenamente, sendo teólogo cató­lico no marco de minha faculdade teológica. Mas isso nos leva a outra pergunta: Que significa pro­priamente o católico, isso que me impulsiona a continuar sendo teólogo católico?

“Segundo a etimologia do termo e da antiga tradição, é teólogo católico quem, ao fazer teolo­gia, sabe-se vinculado à Igreja Católica, isto é, universal, total. E isto em duas dimensões: tem­poral e espacial... Nesse duplo sentido, quero con­tinuar teólogo católico e expor a verdade da fé católica com uma profundidade e abertura igual­mente católicas. Neste sentido podem ser também católicos certos teólogos que se chamam protes­tantes ou evangélicos, coisa que acontece de fato e, particularmente, em Tubinga. Isso deveria cons­tituir um motivo de alegria para a Igreja oficial...

“Essa aceitação da catolicidade no tempo e no espaço, na profundidade e na abertura, significa que é preciso aprovar tudo o que as instâncias oficiais ensinaram, prescreveram e observaram ao longo do século XX?... Não, não é possível que se refira a uma concepção tão totalitária da ver­dade... De tudo se depreende que ser católico não pode significar aceitar e suportar tudo submissa­mente com uma falsa humildade em aras de uma pressuposta ‘plenitude’, ‘totalidade’ e ‘integrida­de’. Isso constituiria uma má complexio oppositorum, um trágico amálgama de contradi­ções, de verdade e erro...

“Em todo caso, a catolicidade deve ser enten­dida sempre com um sentido crítico fundamenta­do no Evangelho... A catolicidade é dom e tarefa, indicativo e imperativo, enraizamento e futuro. Nesta tensão quero continuar fazendo teologia e continuar expondo a mensagem de Jesus aos ho­mens de hoje com a mesma resolução que até agora, disposto a aprender e retificar sempre que se trate de um diálogo amistoso e fraterno...”.

BIBLIOGRAFIA: Para o estudo da teologia no momen­to atual, ver La teología en el siglo XX (BAC), 3 vols.; José Maria Gómez Heras, Teología protestante. Sistema e historia (BAC minor); H. Küng, Teología para la postmodernidad. Fundamentación ecuménica. Alianza, Madrid 1988. 

 

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