História da Igreja

Encíclica

Em seu sentido originário, uma encíclica, é uma carta ou documento circular que corre entre os membros de um mesmo grupo, região, circuns­crição, nação. Pelo uso do termo, a encíclica pas-sou a ser uma carta pastoral que o bispo de Roma dirige a toda a Igreja sobre matérias de doutrina, de moral ou de disciplina.

A prática de dirigir cartas e outros documen­tos a todas as Igrejas ou a uma Igreja particular remonta aos próprios livros da Escritura. No Novo Testamento encontramos as chamadas *Cartas Católicas dirigidas a todas as Igrejas. Paulo, tam­bém, as dirigiu a algumas das Igrejas que evangelizara, como a Carta aos Romanos, duas Cartas aos Coríntios, aos Gálatas etc. Essa mes­ma prática a encontramos nas primeiras Igrejas: escreviam-se de uma Igreja a outra, de um bispo a uma Igreja determinada. Inácio de Antioquia e Policarpo as escreveram a diversas Igrejas.

Também os papas costumavam escrevê-las desde os primeiros tempos, fosse a uma, ou a to­das as Igrejas. O exemplo mais antigo, temo-lo no Papa Clemente, que dirigiu suas duas cartas a toda a Igreja. A prática tornou-se comum ao lon­go de toda a história da cristandade até nossos dias. Cabe dizer, entretanto, que o qualificativo de Carta Encíclica aplica-se somente a partir do séc. XVIII. Com essa denominação, conhece-se a primeira encíclica Ubi primum de Bento XIV, sobre as obrigações dos bispos, publicada em 1740.

As encíclicas tornam-se um meio ordinário do magistério dos papas a partir do século XIX. Pio IX (1846-1878) serviu-se desse meio de uma maneira periódica e regular. Os papas que o su­cederam, *Leão XIII, Pio X, Pio XI, *Pio XII, *João XXIII, *Paulo VI, e *João Paulo II fize­ram das encíclicas um elemento imprescindível de seus respectivos pontificados.

As cartas são dirigidas, em primeiro lugar, aos bispos locais e a seus respectivos fiéis. Excepci­onalmente, como ocorreu com a Pacem in Terris de *João XXIII, dirigem-se também “a todos os homens de boa vontade”. Estão escritas em latim e numa linguagem um tanto solene e áulica. A primeira ou as primeiras palavras diferenciam-nas das demais e por elas são conhecidas. Outro as­pecto mais importante das encíclicas é o seu va­lor doutrinal. Que valor ou força têm para as Igre­jas e para os fiéis em particular? A teologia tem formulado juízos de valor que permitem ler, in­terpretar e aplicar as encíclicas na vida concreta. Não se trata de documentos infalíveis. Com tais cartas do magistério pontifício “a luz dos princí­pios evangélicos aplica-se à realidade mutante das comunidades humanas; interpretam-se os ‘sinais dos tempos’ e se assinalam as máximas necessi­dades dos homens, para onde caminha o mundo e quais são os grandes caminhos pelos quais se deve procurar uma paz fundamentada na justiça”. Os ensinamentos das encíclicas colocam-se não num nível puramente teórico, nem técnico, nem polí­tico no sentido imediato da palavra, mas de “res­ponsabilidade pastoral”. Neste sentido e nível deve-se ler, interpretar e aplicar sua doutrina e orientação. Por isso mesmo têm também um ca­ráter normativo e de orientação na vida prática.

Os temas de maior incidência nas encíclicas são: Os temas sociais. A essa parte pertencem Rerum Novarum, sobre a situação dos operários, de Leão XIII; Quadragesimo Anno, sobre a res­tauração da ordem social, de Pio XI; Mater et Magistra, sobre o recente desenvolvimento da questão social, e Pacem in Terris, sobre a paz entre os povos, as duas de *João XXIII; Ecclesiam Suam, sobre o diálogo, e Populorum Progressio, sobre a necessidade de promover o desenvolvi­mento dos povos, ambas de Paulo VI. Mas não é exclusivo o tema social das encíclicas. A família e a educação têm fornecido, ultimamente temas para as encíclicas dos últimos papas (*Pio XII, *Paulo VI, *João XXIII, *João Paulo II). Ver *Doutrina Social da Igreja. 

 

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