História da Igreja

Zubiri, Xavier (1898-1981

Nasceu em San Sebastián, Espanha, e estudou filosofia em Lovaina, a qual completou em Madrid com o doutorado. Catedrático de história da filosofia na Universidade Complutense desde 1926. Em 1941 abandonou a cátedra oficial para dedicar-se a realizar cursos em diversas universi­dades e instituições. Zubiri foi reconhecido como um dos grandes mestres do pensamento e da filo­sofia durante mais de meio século na Espanha. Em volta de sua pessoa e de seus escritos, girou um número de filósofos, pensadores, científicos e humanistas com influxo notável em diversas áreas da vida espanhola. De seu grupo de ami­gos, discípulos e companheiros cabe citar *Aranguren, Pedro Laín Entralgo, Zaragüeta, J. Marias e uma geração mais próxima de nós de estudiosos e seguidores do mestre, entre os quais cabe mencionar González de Cardeal (teólogo),

I. Ellacúria (teólogo da libertação, assassinado em 1989 em El Salvador).

Duas notas distinguem a pessoa e o pensamen­to de Zubiri, segundo Laín Entralgo, baseadas em sua autenticidade, integridade e precisão. A pri­meira delas é sua atualidade. “A atualidade de Zubiri não consiste, logicamente — diz Laín — num simples estar no dia. ...A essencial atualida­de dessa filosofia vem de ser ‘hoje’ e ‘no ato’ a forma pessoal ou zubiriana de uma tradição que parte de Anaximandro, Heráclito e Parmênides, passa por Platão e Aristóteles, e depois pela espe­culação dos filósofos cristãos, continua com o pensamento dos filósofos modernos, cristãos ou não, e vai prosseguir enquanto o homem como tal continue existindo...”.

 

“A segunda nota essencial da obra filosófica zubiriana é a fundamentalidade. Mas essa condi­ção genérica de toda autêntica filosofia persona-liza-se na de Zubiri por algo duplamente peculiar e decisivo: a atribuição de um caráter formalmente teologal ao fundamento da filosofia que ele criou e a metódica e rigorosa exploração intelectual da teologalidade, sit venia verbo, enquanto dimen­são essencial da existência humana e, por conse­guinte, enquanto nota fundante do sistema filo­sófico de que ele é o autor”. Para Zubiri, de fato, a fundamentalidade da existência humana faz-se patente e atual em nossa religação ao que nos faz existir, “ao que faz que haja”... “Ut infirma per media ad summa redducantur”, era a fórmula do *Pseudo Areopagita para expressar a função do homem na economia da criação. “As criaturas, disse São *Paulo, abrigam uma esperança: de se-rem também elas libertadas do cativeiro da corrupção para participarem da liberdade glorio­sa dos filhos de Deus” (Rm 8,21).

Ter cumprido, estar cumprindo essas ordens nos decênios centrais e finais do século XX, e ter dado, estar dando forma a esse cumprimento atra­vés da ciência, da história e da metafísica, eis a chave da obra filosófica, cujas notas constitucio­nais e constitutivas teve a ousadia de nomear e descrever. Por isso, a obra de Zubiri deve ser en­tendida como um poderoso, rigoroso, esplêndido esforço até a salvação intelectual através da his­tória, da ciência e da metafísica” (La filosofía de Javier Zubiri: El País 13.14-2-1981).

Zubiri procurou elucidar e apreender o que constitui realmente a realidade, tanto em seu ser real enquanto real como em seu ser tal. A realida­de é prévia ao ser; longe de ser a realidade um tipo de ser, por mais fundamental que se supo­nha, o ser se funda na realidade. A realidade, por­tanto, é algo “seu”. Fundamental, dentro deste pensamento, é a relação possível entre uma “filo­sofia intermundana”, que é a que Zubiri desen­volveu com mais detalhe, e uma “filosofia transmundana”, à qual parece apontar com fre­qüência. Isso pressupõe que a realidade é primei­ro inteligível. A realidade se dá como realidade sentida, podendo o homem ser definido como “animal de realidades” ou “inteligência que sen­te”, “cuja função primária é enfrentar-se sentidamente com a realidade das coisas”.

Toda a sua obra gira em torno desta realidade primeira. Começa com Natureza, História, Deus (1944); Sobre a essência (1962); Cinco lições sobre filosofia (1963); para terminar com Inteli­gência sensitiva (1980); Inteligência e logos; O homem e Deus; Sobre o homem, e Estrutura di­nâmica da realidade (póstuma).

BIBLIOGRAFIA: Homenaje a Zubiri. 1973; Ferrater Mora, Diccionario de filosofía, com abundante bibliografia. 

 

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