Cartas católicas
Com esse nome se conhece uma coleção de cartas canônicas do Novo Testamento (NT), atribuídas uma a Tiago, uma a Judas, duas a Pedro, três a João. No total, sete. O título católicas procede, sem dúvida, de que a maioria delas não vão destinadas a comunidades ou pessoas particulares, mas aos cristãos em geral.
1. Carta de Tiago. Mais que uma carta, poderia classificar-se como uma homilia ou catequese que exorta à paciência nas tribulações, ao domínio da língua, à misericórdia etc. É dirigida a todas as comunidades cristãs, simbolizadas pelas doze tribos de Israel. A Carta, sobretudo, reduz a lei ao mandamento do amor ao próximo: exalta os pobres e adverte severamente os ricos. Insiste nas práticas das boas obras e previne contra uma fé estéril. A exigência do amor exclui a exploração, e apresenta a passagem mais violenta do NT contra os ricos exploradores na linha profética do AT.
O autor se dá o nome de Tiago, irmão ou parente do Senhor, que dirigiu o Concílio de Jerusalém e morreu mártir no ano 62. No entanto, o estilo e o grego refinado da carta tornam improvável ter sido escrita por um judeu de Jerusalém. Talvez se deva pensar num judeu helenista do final do séc. I, entre os anos 80-100. Até o séc. III não foi considerada como canônica.
2. Carta de Judas. O autor desta carta se diz irmão de Tiago, que é, sem dúvida, o parente do Senhor. O estilo e a linguagem retórica da carta não são próprios de um judeu palestinense. Isso e outras referências a pregações dos apóstolos sobre os tempos difíceis sugere uma época relativamente tardia. Assim como a carta de Tiago, parece ser do final do séc. I.
O que interessa a Judas é delatar os perversos doutores que colocam em perigo a fé cristã. Ameaça-os com um castigo divino. Suas blasfêmias e abusos morais não passarão sem o castigo diante Deus.
3. Cartas de Pedro (1 e 2). 1Pd é um escrito didático e exortatório que se propõe afiançar na fé grupos de cristãos ameaça
dos pelo perigo da apostasia. O ensino gira em torno da graça e do compromisso do Batismo e da esperança na vinda de Cristo. Os cristãos foram escolhidos e convocados por Deus para seguir e obedecer a Jesus Cristo na sua vida e em seus ensinamentos. A Igreja é escolhida Templo de Deus e do Espírito, cuja firmeza é Cristo, a pedra angular sobre a qual está construída.
O autor é o apóstolo Pedro, conforme nos diz na própria carta. É escrita na Babilônia, denominação pejorativa de Roma no Apocalipse (14,8). Embora alguns coloquem em dúvida sua autenticidade, não há razões para não atribuí-la a Pedro. Data do ano de 64, anterior à perseguição de Nero.
2Pd apresenta-se como o testemunho de Pedro que vê próxima a sua morte. Os autores, no entanto, costumam atribuir-lhe uma data posterior, apoiados em razões de tipo interno, de estilo, vocabulário etc. É atribuída a um discípulo do apóstolo na primeira metade do séc. II.
O tema central da carta é a volta de Cristo. Não a descreve como uma transformação do mundo nem como o reinado de Deus sobre a sua criação, senão como a destruição total da realidade presente. Três pontos da carta merecem destaque: a vocação cristã à “participação da natureza divina”; a definição do caráter inspirado das Escrituras; a certeza da parusia futura (segunda vinda de Cristo no final dos tempos), apesar da demora e da incerteza de seu dia. Termina com a perspectiva de um mundo novo onde habitará a justiça.
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