História da Igreja

Tillich, Paul Johannes (1866-1965)

Teólogo alemão, nacionalizado americano. Em 1929 sucedeu Max Scheler na cátedra de filoso­fia e psicologia de Frankfurt. Em 1933 foi para a América, onde ensinou teologia filosófica na Union Theological Seminary de Nova York até 1955. Harvard e Chicago ocuparam os últimos anos de sua docência como teólogo protestante.

Tillich deixou uma densa obra e numerosos discípulos, que seguiram e aplicaram sua doutri­na. Seu pensamento aparece como uma ponte entre o sagrado e o profano. Não confunde as duas esferas, mas tende a explicitar o sentido religio­so, implícito nas profundezas do ser, de todo ser. A tentativa apóia-se nestes conceitos-base: o li-mite, a ruptura, a correlação e o abismo. É um pensamento no limite, porque é onde se definem as coisas. O ser no limite significa não um ser estático, mas uma posição de ruptura entre o ser e o não-ser. A ruptura segue a correlação, cate­goria básica de Tillich, resposta aos problemas do homem e da história. E finalmente o abismo, que permite a Tillich superar a oposição da mo­derna teologia protestante entre o Deus da razão e o Deus da fé. No abismo de todo ser reúnem-se e harmonizam-se unitariamente o ser em si e o Uno-Trino da Bíblia.

Sobre essa base filosófica de fundo hegeliano, Tillich constrói sua teologia, que pode ser resu­mida nestes pontos:

— Insistência em que a Bíblia não é a única fonte da teologia. Esta deve ser predominantemen­te apologética e querigmática, isto é, deve inte­ressar-se pelas diferentes formas de cultura e ser uma tarefa essencialmente racional para chegar à compreensão do especificamente cristão. Em sua Teologia sistemática (3 vols., 1951-1957), Deus é apresentado como “aquele que nos concerne, em última instância” ou “a essência de nosso ser”. Deus não é um ser, mas o próprio ser. A lingua-gem da teologia e da religião é essencialmente simbólica. A única exceção é Deus que, como vimos, define como o mesmo ser. “O homem desta infinita e incansável profundidade de todo ser é Deus.” “Talvez se esqueça tudo o que se apren­deu sobre Deus, inclusive a própria palavra, para desta maneira saber que conhecendo que Deus é

o profundo, conhecemos muito sobre ele. Neste sentido, ninguém pode chamar-se ateu ou não­crente. Somente é ateu quem seriamente afirma que a vida é superficial.”

�.                 Fiel a seu método da “correlação”, Tillich insinua e demonstra, em termos arduamente exeqüíveis, que não existe contradição entre o natural e o sobrenatural e que, portanto, o Deus da razão e o Deus da fé e a revelação são dois aspectos de uma mesma realidade. Corrige assim

 

o sobrenaturalismo de *Barth, demasiado preo­cupado em identificar a mensagem imutável do Evangelho com a Bíblia ou com a ortodoxia tra­dicional. Sua teologia apologética destina-se a responder aos problemas da situação de hoje. “Deve-se lançar a mensagem como se lança uma pedra sobre a situação de hoje.” A situação é o que se deve levar a sério.

A influência de Tillich cresceu ainda mais de­pois de sua morte. Seu pensamento com relação ao conceito de Deus foi seguido e popularizado por John Robinson, autor de Honest to God (1963). Mais recentemente, Don Guppitt iniciou um duro ataque à doutrina tradicional cristã so­bre Deus em sua obra Tomando o lugar de Deus (1980), na qual advoga por um conceito cristão­budista de Deus similar ao de Tillich.

BIBLIOGRAFIA: Teologia sistemática; John Macquarrie, El pensamiento religioso en el siglo XX. Herder, Barcelona 1975. 

 

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