História da Igreja

Barth, Karl (1886-1968)

 

Teólogo suíço de confissão calvinista. Por sua atitude antinazista, foi obrigado por Hitler a refu­giar-se em Basiléia, de cuja universidade foi pro­fessor. Faz parte da chamada “teologia dialética” ou “da crise”, junto a J. *Moltmann, E. Brunner,

R. *Bultmann, F. Gogarten e outros. Barth deu nome a um movimento: o barthismo, que propõe uma total e coerente adesão à Palavra de Deus, equivalente ao objetivismo da revelação bíblica e ao fato histórico da encarnação, contra o imanentismo da cultura moderna geral e em par­ticular do “protestantismo liberal”. A teologia de Barth é uma reação frente a Schleiermacher e, em geral, contra a cultura do Romantismo e do Iluminismo. Participou, como observador, do Concílio Vaticano II.

A doutrina de Barth está presente em seus numerosos discípulos e em sua extensa e valiosa obra escrita. Destacamos seu monumental Die Kirchliche Dogmatik (10 vols., 1955) e o Comentario à epístola aos Romanos (1919); Humanismus (1950), e outras.

Podemos sintetizar sua teologia nos seguintes pontos: 1) Barth destaca a absoluta transcendência de Deus. Deus é o único positivo, o ser. O ho­mem, no entanto, da mesma forma que o mundo, é a negação, o não ser. Justamente por não ser nada, o homem não tem a possibilidade de auto­redenção; nem ao menos de conhecer Deus, mas somente de saber que não o conhece. 2) A inicia­tiva vem de Deus, que irrompe no mundo do ho­mem através de sua revelação e palavra. A teolo­gia de Barth é, por isso, a teologia da palavra. A revelação de Deus é o objeto da teologia. Barth centra toda a sua atenção na revelação e palavra de Deus na Bíblia. 3) Barth vê a revelação de Deus na Bíblia como algo dinâmico, não estático. A palavra de Deus, diz Barth, não é um objeto que nós controlamos como se fosse um corpo morto que podemos analisar e dissecar. Na realidade é como um sujeito que nos controla e atua sobre nós. E essa Palavra é capaz de nos fazer reagir de um jeito ou de outro. 4) A Palavra de Deus é o acontecimento mediante o qual Deus fala e se re-vela ao homem através de Jesus Cristo. E como isto se torna realidade? A Bíblia, Palavra escrita de Deus, é a testemunha do acontecimento da Revelação de Deus. O Antigo e o Novo Testa­mento colocam Jesus Cristo como o “Cordeiro de Deus”, anunciado por João Batista. Por isso, sem dúvida, desde seus primeiros anos como pas­tor, Barth teve sobre sua mesa a pintura de Grünewald em que João Batista mostra Jesus Cris­to crucificado. 5) Hoje, através da Palavra pro­clamada, a Igreja é testemunha da Palavra reve­lada. Sua proclamação baseia-se na palavra es­crita, a Bíblia. Deus serve-se desta palavra pro­clamada e escrita, e se transforma em palavra re­velada de Deus, quando ele quer falar-nos atra­vés dela.

A ênfase da teologia de Barth está na revela­ção de Deus em Jesus Cristo. A única palavra de Deus está em Jesus Cristo. Toda relação de Deus com o homem se dá em Cristo e através de Cris­to. Em sua forma negativa, isto significa a exclu­são da teologia natural. Positivamente, tudo deve ser visto e interpretado a partir de Cristo ou, em­pregando a expressão barthiana, a partir da “con­centração cristológica”. O pecado original não pode ser entendido independentemente de Cris­to. A fé também não é fruto de um raciocínio nem está fundamentada em um sentimento subjetivo. “Em Jesus Cristo não há separação do homem de Deus, nem de Deus do homem.”

Barth prega que “a mensagem da graça de Deus é mais urgente que a mensagem da Lei de Deus, de sua ira, de sua acusação e de seu juízo”.

A teologia de Barth exerceu e continua exer­cendo uma influência decisiva na constante pro­cura da palavra autêntica e verdadeira de Deus. Sua condição de “crente” que não invoca nenhum mérito diante de Deus é o melhor estímulo para os cristãos de todos os tempos.

BIBLIOGRAFIA: Obras: Esboço de dogmática (1947); O homem e seu próximo (1954); A dogmática cristã em es­boço (1927); Dogmática eclesiástica (1932-1967); Humanismo (1950). 

 

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